AMAZON: Livros Sobre TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade)
Psicólogo em Salvador – Bahia Especializado em TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) para crianças e adultos
Marcus Deminco
INFORMAÇÕES GERAIS
Psicólogo
Clínico (CRP:
03/16505); Especialista e Doutor Honoris Causa em Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade (TDAH) pela Brazilian
Association of Psychosomatic Medicine; Escritor; Tutor de Programação
Neurolinguística; autor de artigos científicos para o Portal dos Psicólogos (Psicologia.pt).
Possui Atualização Profissional em Neurociências, Psicomotricidade,
Neuropsicologia e Aperfeiçoamento em Terapia Cognitivo-Comportamental (Núcleo
de Terapia Cognitiva da Bahia). Autor de Diversos
livros sobre TDAH — entre eles, a propalada obra, Eu & Meu Amigo DDA – o primeiro relato
autobiográfico no mundo descrito por um jovem portador do Transtorno do Déficit
de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Na prática Clínica trabalha com
Psicoeducação, Reestruturação cognitiva, e principalmente, com o Treinamento de
habilidades sociais para crianças, jovens e adultos com TDAH.
CONTATOS
Celular / WhatsApp: (71) 98815-7379 /
PRODUÇÕES CIENTÍFICAS
1.
DEMINCO, Marcus.
Novos Aspectos Fisiopatológicos Envolvidos no Transtorno Obsessivo-Compulsivo
(TOC) — Link para o Artigo.
3.
DEMINCO, Marcus. As
Principais Influências Orientais Utilizadas nas Abordagens da Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC) Contemporânea — Link para o Artigo.
4.
DEMINCO, Marcus. Abordagem
Gestáltica e Psicopedagogia: um olhar compreensivo para a totalidade
criança-escola — Link para o Artigo.
BOOK TRAILER de lançamento da 2ª Edição do Livro “Eu & meu Amigo DDA”
Dicas de Livros Sobre TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade)
Livros Sobre TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade)
...
Trecho da 2ª Edição do Livro Eu & Meu Amigo DDA — A Primeira Autobiografia de um Portador do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
Copyright © 2019 – Marcus Deminco
Todos os Direitos Reservados | Salvador
– Bahia – Brazil
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a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, inclusive quanto
às características gráficas e/ou editoriais. A violação de direitos autorais
constitui crime (Código Penal, art. 184 e Parágrafos, e Lei nº 6.895, de
17/12/1980) sujeitando-se à busca e apreensão e indenizações diversas (Lei nº
9.610/98).
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Se você procura uma leitura prazenteira, leve e serena,
que faça o tempo passar ligeiro e despercebido, como uma brisa suave de fim de
tarde, recomendo os livros de qualquer outro autor mais comedido, ameno e
formoso. Eu não escrevo para leitores delimitados pelas letras, nem para olhos
subordinados às palavras. Aos sem imaginação — que enxergam somente o que as
vistas revelam — creio que cartões postais, fotografias e revistas coloridas,
valerão muito mais do que a minha busca visceral para tentar suscitar em
palavras tudo àquilo que verdadeiramente sinto. (Marcus Deminco)
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* * *
SOU ANDARILHO PEREGRINO
Trem
sem trilho
Gramíneas
sem milho
Maquinista
valdevino
SOU ANDARILHO PEREGRINO
Peralvilho
sem chegada
Bicho
campesino
Correndo
pela estrada
SOU ANDARILHO PEREGRINO
Com
alma de aventureiro
Espírito
forasteiro
E
sonho de menino
SOU ANDARILHO PEREGRINO
Remendeiro
do passado.
Vidente
paladino
De
futuro indecifrado
SOU ANDARILHO PEREGRINO
Cego
romeiro errante
Perdido
de mim, clandestino
Fugido
da vida, viajante
SOU ANDARILHO PEREGRINO
Garimpeiro
de ilusão
Na
gruta incerta do destino
Passarinho
sem alçapão
SOU ANDARILHO PEREGRINO
Destemido
caçador
Adulto
pequenino
Semente
de lavrador
SOU ANDARILHO PEREGRINO
Vagamundo
alienado
Missivista
traquinino
Estafeta
sem recado.
SOU ANDARILHO PEREGRINO
Funâmbulo
da fatalidade.
Passadas
de bailarino
Galgando
felicidade.
* * *
* * *
Lançado
em Setembro de 2006 — durante a 1ª Quinzena Nacional de Leitura
em comemoração aos 78 anos da Livraria Siciliano — EU
& MEU AMIGO DDA é o primeiro relato autobiográfico de um
portador do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Através
de uma narrativa despudorada, envolvente e descontraída, Marcus Deminco
descreve parte das suas inquietantes aventuras ao decurso de uma vida inteira
repleta de devaneios, exageros, peripécias, fantasias, sonhos, aventuras, perigos,
inconsequência, e muita intensidade. Das suas traquinices ainda na infância às
palhaçadas e rebeldias nas salas de aula. Das suas desmedidas experiências com
drogas até os segredos que lhe motivaram a fazer a capa da revista G-magazine. O livro retrata também, como se deu à
descoberta do TDAH, as adversidades mais frequentes da sua comorbidade
com a Dislexia, alguns efeitos da Ritalina (Cloridrato de Metilfenidato)
durante o início do tratamento, os motivos da sua repentina decisão de escrever
este livro, e encerra com depoimentos emocionantes de outras pessoas, igualmente,
diagnosticadas com o Transtorno.
Embora
veiculado de maneira independente, comercializado em poucas livrarias, e divulgado
somente através da Internet, EU & MEU AMIGO DDA causou grande
repercussão nas entidades ligadas ao tema, e chegou a vender mais de 2.400
exemplares. Rendendo, inclusive, ao autor o título de Doutor Honoris Causa —
conferido pela Brazilian Association of
Psychosomatic Medicine — em reconhecimento à sua contribuição científica, e
relevância social.
Durante
a elaboração desta sua 2ª edição, foram inseridos novos capítulos, contemplando
os acontecimentos mais relevantes, polêmicos e engraçados que sucederam a sua primeira
edição: dados atualizados sobre o Transtorno, algumas respostas do autor diante
das intermitentes notícias que propagam a falsa ideia de que possam existir
dúvidas quanto à existência do TDAH, além de acrescentado novos
depoimentos de outras pessoas diagnosticadas com o transtorno. Sem papas na
língua, o autor relata de forma escancarada, como realmente funciona o “rufianismo”
dentro do mercado editorial brasileiro. Principalmente, entre uma famosa
diretora, e os seus “subalternos alcoviteiros” de um dos maiores grupos
editoriais nacionais. Menos comedido ainda, revela como teria sido o seu breve
relacionamento com essa tal Senhora, considerada por muitos como uma das
personalidades mais influentes do mercado editorial brasileiro. E com certo
constrangimento, confidencia como ela o seduziu de modo ardiloso para usurpar
dele todos os dados que validassem o investimento na publicação de livros sobre
o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
De
maneira autêntica e singular, o autor apresenta uma narrativa transparente e
desinibida sobre algumas consequências produzidas por uma mente inquieta,
distraída, e desassossegada. E expressando particularidades da sua própria
personalidade, explica como ocorrem as irrefletidas atitudes impulsivas, sem a
premeditação de qualquer tempo que lhe permita avaliar antecipadamente, os
possíveis efeitos. Ocorre de maneira tão impetuosa que, somente depois ele
consegue perceber o que foi feito e/ou falado. Contudo, dentre as diferentes
histórias constituídas pelas suas próprias vivências, e expressadas através das
páginas deste livro, pode-se ler relatos de alegria, tristeza, momentos de
entusiasmo, desinteresse, contradição. Episódios divertidos, inusitados,
tensos, perigosos. Instantes de descontentamento, apatia, solidão, euforia, inquietação,
frustrações, derrotas, recomeços, tentativas, incompreensões, conquistas,
desleixo, indiferença, etc. Mas, acima de tudo, destaca-se em seu conteúdo, o
retrato de uma vida inteira marcada por muita adversidade, e superação.
“Devo
admitir que, se em grande parte, o fato de não ter conseguido lançar a primeira
edição através de nenhuma editora tenha me deixado parcialmente desanimado — ao
menos assim — isento de qualquer tipo de acordo, formal ou tácito, que me
limitasse a agir sob determinadas condições, e livre de qualquer forma de
convenção, expressa ou implícita, que regulasse ou inibisse o meu
comportamento, não hesitei (nem por motivo, conveniência, muito menos por
vontade) em descrever algumas polêmicas verdades sobre a estreita ligação e a
conduta indecorosa entre os mais renomados especialistas nacionais em TDAH
e o Laboratório Novartis (fabricante da Ritalina), a omissão da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) diante de uma ação criminosa praticada
por esse mesmo laboratório durante o ano de 2013. E só não me calei diante de
toda absurdidade porque nutro imenso desrespeito pelos omissos. Pois, eu sempre
preferi carregar todo peso das minhas atitudes, que andar com o vazio passivo
daqueles que nunca se atrevem. Prefiro correr o risco de desagradar qualquer
pessoa com a minha sinceridade, que a subtração do meu pensamento pela
conveniência. Prefiro a crítica sobre o que digo, que todo o silêncio covarde
que adormece na isenção contida daqueles que se abstém do mundo. Enfim, eu
prefiro jogar o jogo da vida, que assisti-la de longe, escondido nas sombras
das arquibancadas”.
NESSE novo século, observamos uma enormidade
de questionamentos envolvendo a cientificidade, principalmente quando nos
referimos à mente humana, haja vista que as concepções organicistas
relacionadas à loucura e afins estão sendo colocadas como algo ultrapassado.
Uma grande prova disso são as teses atuais que retiram a esquizofrenia da
hereditariedade e a coloca como um surto psicótico proveniente das relações
sociais, inclusive familiares.
Dentro
deste prisma de mudanças ululares caem por terra concepções reinantes nos
séculos passados — nativadas no positivismo e no cartesianismo — onde qualquer
relação psicótica impossibilita o indivíduo de conviver socialmente.
Atualmente, até a normalidade está sendo questionada. Basta observar que nas
empresas modernas o viciado em trabalho, normalmente um estressado, é um ser em
extinção profissional.
Grandes
gênios fizeram da arte uma suprema visibilidade social e de existência eterna.
Nesta amplitude, encontra-se o Distúrbio de Déficit de Atenção, ou simplesmente
DDA, que de forma errônea tem conceituações preconceituosas e
deformadas, onde se afirma psicopatologicamente por profissionais da área da
saúde mental, tratar-se de algo que impossibilita o portador deste distúrbio de
produzir socialmente e intelectualmente. Isto se trata de um ledo engano.
Tive
o honroso prazer de conhecer o então modelo, e especialista em atividade física
Marcus Deminco, durante o curso de capacitação profissional em Educação
Física, realizado em nível de extensão universitária em parceria com o Conselho
Regional de Educação Física Bahia/Sergipe (CREF-13), onde ele era aluno e eu me
encontrava na condição de Coordenador. Tornamo-nos amigos e o incentivei a
produzir uma obra na qual ressaltasse o valor social dos Portadores de Déficit
de Atenção, estimulando-os na superação das adversidades e na recuperação da
autoestima. Eis aqui o fruto desse incentivo.
Acreditamos
sinceramente que este trabalho editorial será o primeiro passo para uma longa
caminhada, como diz um velho ditado chinês: “abrirmos as portas mentais para
outros que com este mesmo distúrbio se percebam de uma nova e real maneira, ou
seja, como pessoas capazes e bastante intelectualizadas”.
Parabéns
a este autor pelo pioneirismo e pela coragem de expor com palavras claras e
objetivas algo que ficará na história da saúde mental. Esperamos que os
cientistas da área de Saúde Mental aceitem a tese de Blaise Pascal que sempre
dizia: “Não me envergonho de mudar de opinião, porque não me envergonho de
pensar”. Portanto, devemos sempre mudar de ideias, sobretudo, quando elas podem
causar erros que envolvam vidas humanas.
__________
José Augusto Maciel Torres:
Doutor (PhD) em Psicologia e Filosofia pela Cambridge International University (Inglaterra),
Psicanalista, Doutor Honoris Causa em Medicina Tradicional Chinesa pela
Universidad de Los Pueblos de Europa (Espanha) e Cambridge International
University (Inglaterra) e em Ciências (Universidade de SRI-LANKA), Ex-diretor
da Faculdade Apoio, Ex-coordenador da Faculdade de Artes Ciências e Tecnologias
(FACET) e Faculdade Dois de Julho, Ex-professor de Psicologia na Faculdade São
Salvador, FACET e Faculdade Dois de julho, Coordenador da pós-graduação em
Psicanálise da FACET e da pós-graduação em psicopedagogia da Faculdade São
Salvador.
ATUALMENTE trabalho como psiquiatra em São Paulo
capital. Possuo uma formação acadêmica mais diversa do que isso e um pano de
fundo geral ainda mais diverso e caótico. Mas, também com a sua porção de sofrimento
e solidão. A última se dava por dois motivos, primeiro nasci com dom (muito
caro no meu caso) da inteligência, segundo que nasci com problemas físicos e
mentais. A maioria dos quais eu demorei anos para entender, imagine os pobre
profissionais aos quais fui levado desde infância. As coisas só mudaram quando
eu encontrei um psiquiatra tão inteligente quanto eu e cujo sofrimento era
semelhante.
Atendi
o Marcus Deminco logo após meu encontro com o TDAH. Ou
seja, eu passei pela faculdade de medicina e residência médica e não sabia o
que era TDAH, então não se surpreenda se seu psicólogo ou psiquiatra
também não souber. Há 10 anos era realmente uma área ainda mais nebulosa e
pouco considerada em adultos ou pessoas inteligentes. Mas o MARCUS tinha
o TDAH, era inteligente e já havia, inclusive, lançando a primeira
edição deste livro, além de ter escrito outros dois. Mantivemos uma rápida
identificação, amizade e respeito desde então.
Acredito
que a intenção deste livro é que o leitor encontre uma maneira fácil de criar
esse tipo de identificação com a coexistência do TDAH, inteligência e
idade adulta. Reconhecendo a mesma em si ou em qualquer outra pessoa de sua
convivência. Isso é cada vez mais importante quando o TDAH e outros
transtornos mentais sofrem ao mesmo tempo preconceito pela sociedade e negação
pelos seguidores de Foucault e da anticiência acadêmica.
__________
Daniel Minahim: Médico Psiquiatra (CRM-SP
144214), Especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência. Mestre e
Doutorando pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Fundador
do Instituto Brasileiro de Superdotação e Alterações do Neurodesenvolvimento. E
pioneiro no tratamento de duplo-excepcionais no Brasil: Superdotação + TDAH, Autismo, Dislexia, Bipolaridade e
transtornos de aprendizagem.
ATÉ mesmo uma detestável fila
num banco pode transformar-se numa aventura irradiante. Tudo depende da sua
capacidade de interação com a própria monotonia ou do acúmulo de feitos que
você carregue na lembrança para distrair intermináveis minutos de espera. Nada
é tão sem graça, sem cor ou sem emoção, a não ser que você seja dono de uma
personalidade apática e viva uma vida inteira preta e branca.
O tempo inúmeras vezes ofusca o brilho de
nossa luz e esfria todo aquele entusiasmo jovial. Opacos, abortaremos alguns
projetos incríveis, podaremos as ambições mais audaciosas, e muitos sonhos
parecerão ainda mais impossíveis. Mais tarde, talvez estagnemos ou façamos como
muitos fazem, envolvendo-se com filmes, livros ou novelas, transportando seus
sentimentos para os personagens, aceitando passivamente realizar-se através de
outrem ou acatando passar despercebido, sendo mero telespectador ou um ilustre
coadjuvante. Portanto, quero aproveitar, enquanto a minha luz brilha
intensamente, enquanto exerço o dom de interpretar com maestria o papel
principal da minha própria história, para confidenciar-lhes parte de uma vida
inteira cercada de ficção, realidade, sonhos e muita cor...
Salvador, 14 de outubro de 2004 — XXII Congresso
Brasileiro de Psiquiatria.
Dentro de um restaurante de comida a quilo,
localizado no Centro de Convenções da Bahia, vejo-me cercado de psicólogos,
psiquiatras, neurologistas, terapeutas e outros tantos “esquisitos”. A partir
de então, como de costume, volto a refletir sobre as nuances que circundam a
loucura e a lucidez. Divagando-me brevemente ao ano de 2001 durante uma festa
de São João na cidade de Ituberá no interior da Bahia, quando um amigo,
bastante interessado em conhecer uma garota, dirigiu-se timidamente até ela e
disse:
— Desde que cheguei aqui estava com vontade
de te conhecer. Mas, ainda não havia tido oportunidade.
Sem pensar um só instante, e com a
propriedade de quem sabia exatamente o que falava, ela logo lhe respondeu:
— Oportunidade quando não temos, nós criamos!
Obviamente, meu amigo perdeu metade da pose,
e certamente não encontrou qualquer argumento cabível para retrucá-la. Eu,
entretanto, achei aquela resposta tão bem elaborada que passei, inclusive, a
repeti-la em algumas ocasiões da minha vida. Ou pelo menos por algum tempo. Até
o dia em que soube, que aquela mesma garota, por morar em um andar próximo ao
térreo, pegou o elevador do próprio prédio, dirigiu-se ao apartamento mais
elevado de uma amiga, e sob o pretexto de querer beber água gelada, alegando
que em sua casa não tinha, suicidou-se, lançando-se da janela. Parecia algo
extremamente contraditório a sua atitude com a coerência da frase, mas ela
havia criado a oportunidade de se matar.
Tempos depois, visitando um senhor com mais
de noventa anos, portador do Mal de Alzheimer, e novamente refletindo sobre
sensatez e insensatez, passei a observá-lo com maior atenção. Era incrível
notar que sempre em que me encontrava, reconhecia prontamente a minha
fisionomia, como sendo uma pessoa comum em sua convivência. Mesmo com seu olhar
distante, conscientizava que já havia me visto algumas vezes, e de alguma
maneira, sabia também que tínhamos alguma espécie de vínculo. Demonstrava,
inclusive, certo afeto por mim, mas sem precisão alguma sobre tempo ou
localidade. Algumas vezes, inclusive, era capaz até mesmo de recordar o meu
nome. O que me deixava imensamente alegre, e surpreendia a sua própria família.
Era previsível, mas engraçado, que todas as
vezes em que o deixava, durante nossas despedidas ele repetia sempre a mesma
frase:
— Vai “simbora” garoto... E manda brasa!
No entanto, mesmo com suas frases
repetitivas, sua aversão por asseio e seu esquecimento em frações de segundos
(característica normal da doença), certo dia me disse algo que jamais
esquecerei. Talvez, não tenha utilizado da mesma racionalidade do que disse a
garota na festa de São João, mas foi imensamente criativo. Confesso que
precisei refletir por algum tempo antes de compreender. Era um dos dias no meio
da semana, quarta ou quinta-feira, e ele não queria fazer a barba de maneira
alguma. Então, a sua esposa, uma senhora bastante simpática, me pediu
delicadamente para que eu tentasse convencê-lo. E, ao revés da expectativa,
surpreendentemente, sem maiores dificuldades, ele ligeiramente aceitou que eu a
fizesse.
Enquanto lentamente, eu passava o aparelho de
barbear sobre sua pele enrugada e cansada, com todo cuidado para não cortá-la,
dentre suas tantas marcas de expressão, seguia me perdendo entre suas
carquilhas, imaginando quantas histórias estariam escondidas e esquecidas
naquele olhar perdido e distante. Todavia, logo sua alta gargalhada me
despertava dos devaneios. Lá estava ele, com seu jeito brincalhão e gozador,
repetindo para toda e qualquer mulher que passava em frente a sua casa:
— Coisa boa mesmo é mulher! Eu não deixo
nunca de gostar delas.
Querendo também ser engraçado e retribuir a
sua troça, resolvi então fazer-lhe uma pergunta reunindo à brasa que ele me
manda diariamente com a sua paixão pelas mulheres:
— Mas o senhor hoje em dia, vendo uma mulher,
ainda manda brasa?
Ironicamente, e de maneira imprevista, ele
logo respondeu:
— Não... Não... Hoje eu mando apenas o carvão
porque a brasa já queimou toda.
Mas afinal, o que levaria um senhor com um
quadro demencial de Alzheimer conseguir elaborar uma resposta tão criativa? E
quais os motivos que levariam uma jovem — capaz de articular uma frase com
tamanha lucidez — suicidar-se daquela maneira? Por fim, chego à rápida
percepção de que a loucura e a lucidez dependem muitas vezes da interpretação
dada aos lúcidos e aos loucos. E, possivelmente, todos nós teremos instantes
extremos. Assim, uma pessoa considerada e vista como normal poderia cometer
algo anormal ou vice-versa.
De volta à tranquilidade (externa) do meu
almoço, minha inquietação (interna) permanecia latente. Sempre coloquei em
dúvida minha credibilidade mental. Seria como viver equilibrando-me sobre o
muro: entre razão e emoção. Ou como caminhar cuidadosamente sobre a linha
divisória do real e do abstrato, fazendo esforços tremendos para permanecer normal,
mas escorregando, por vezes, nos dois polos: ora, propositadamente, tamanha a
vontade de ser intenso, ora coagido por uma força maior e até então
desconhecida: a minha impetuosa impulsividade.
A cada garfada se fazia presente aquele forte
sentimento de ser diferente que me acompanha por toda vida. A mente vagando
longe. Por momentos, tinha a sensação de que alguém ali seria capaz de escutar
o barulho na minha cabeça que não para um só instante: ideias que nascem como slides
coloridos, momentos de angústia, euforia, nervosismo, turbilhão de pensamentos
desordenados. Alguma coisa dentro de mim é bagunçada, fora da ordem e não
descansa nunca.
Logo fui tomado por um duelo sigiloso e
desafiador. Nenhum lugar mais excitante do que ali, cercado de estudiosos da psique,
para fazer a minha jura secreta: externaria essa desordem mental num livro.
Escreveria uma autobiografia e todos aqueles “esquisitos engravatados” ainda
leriam minha história. Assim, dividiríamos não apenas aquele simples
refeitório, como compartilharíamos parte do universo diferente do meu mundo com
eles.
Entretanto, aceitar o desafio de escrever um
livro e seguir cumprindo a promessa até o final seria como travar uma
verdadeira guerra comigo mesmo: vencer a luta diária da concentração que, por momentos,
requer uma força sobre-humana até atingir o hiperfoco; superar minha baixa
autoestima que, um dia, me fará pensar que tudo isso estará medíocre; manter-me
fiel até o último capítulo sem me deixar envolver por outros projetos mais
dinâmicos e simples; sagrar-se vencedor da batalha irônica, mas existente, de
exorcizar esse meu perfil pré-moldado de ignorância.
Essas análises superficiais sobre nossa
essência, muitas vezes, nos tornam descrentes de nossa própria capacidade. A
crítica debochada e destrutiva segue como demônios tentando nos limitar. As
máscaras que optamos usar podem ser disfarces de nossas próprias fraquezas.
Mas, esses rótulos taxativos, que recebemos e receberemos sempre, por simples
deduções, certamente serão fraquezas enrustidas daqueles que nos conferem. Por
isso, precisei aniquilar essa sombra de estupidez que paira sobre meu protótipo
imperfeito de inteligência.
₪₪₪
Eu & Meu Amigo DDA é um livro diferente de todos os outros relacionados ao distúrbio do déficit de atenção. Acreditando que ninguém melhor que um próprio DDA para descrever parte dessa bagunça, incomodado com muitos comentários errôneos e depreciativos sobre o distúrbio, e cansado de ler obras subjetivas, com predominância técnica, tomei a iniciativa de relatar veridicamente e sem pudor o aspecto comportamental e cognitivo do distúrbio. Passo a passo a intimidade do meu mundo DDA: desde minhas traquinagens de infância, meus devaneios e rebeldias dentro das salas de aulas, até minhas experiências com drogas e o alívio do meu diagnóstico. O livro contém também os verdadeiros motivos os quais me conduziram a fazer a capa da revista G-magazine, e detalhes curiosos sobre os dias dessas fotos. Além das minhas confidências e sofrimento por ter ficado fora da Casa dos Artistas, quando já estava com o pé dentro.
Dividido em dez capítulos, Eu & meu
amigo DDA traz um manual, criado por mim, após conseguir aglomerar setenta
e cinco características mais comuns entre os diferentes subtipos do distúrbio.
Finalizando com depoimentos envolventes de outros portadores do distúrbio. Buscando
uma maior interação com o leitor, criei de forma irreverente, dois personagens
dentro do meu corpo: MARCUS, um pouco do meu EU racional, equilibrado e
centrado, sendo coagido e dominado por um amigo invisível, e DEMINCO, o
meu eu DDA, um ser apaixonado, intenso e envolvente que, muitas vezes,
domina a plenitude do meu corpo físico.
Provavelmente, em trechos abrangendo o vasto
universo da mente humana, eu cometa alguns deslizes. Logo, o intuito
predominante não é informativo, e sim contar a vida de um DDA por um
próprio DDA, ou pelo menos do meu subtipo, especificamente. Então, os
estudiosos da saúde mental que me perdoem os possíveis erros técnicos. A forma
de chamá-los “esquisitos” vem de uma encarnação desafiadora e petulante que
mora dentro de mim. E ainda que, por algumas vezes, relendo o livro, tenha
tentado retirar ou substituir esse apelido, afirmo verdadeiramente ter sido
mais forte do que eu a audácia de mantê-lo. Por isso, resolvi deixá-lo presente
com carinho, respeito e admiração a todos os leitores deste livro.
Considerando também que milhões de
brasileiros possuem esse distúrbio, espero que esses escritos possam trazer o
alento da descoberta para muitos que sofrem, por desentenderem o seu modo de
ser, de pensar e de agir. Ambiciono
ainda contribuir para que alguns estudiosos consigam desvendar cada vez mais e
melhor a intimidade de uma mente tão agoniada. E, principalmente, que muitos DDAs
se encontrem, se descubram e/ou se reinventem dentro das páginas sinceras e
impressas da minha vida através dessa autobiografia.
“A
FRUTA amadurece no tempo
certo”. “Tudo na vida tem sua hora”. Esses ditos, na maioria
das vezes, costumam nos irritar profundamente. Afinal, sempre queremos que as
coisas aconteçam do nosso jeito e no ajuste do nosso próprio relógio. Mas
acreditem; os sábios conformados que falam tais besteiras, ainda sem querer, às
vezes, acertam. Jamais seria capaz de concluir essa minha vigésima tentativa de
escrever um livro sem antes mesmo saber o que é DDA!
No calor infernal daquela tarde quente,
desfrutávamos um delicioso açaí: eu e minha ex-sogra. Aguardávamos seu horário
de retorno ao trabalho. É engraçado, quando dispomos de tempo e estamos
acompanhados com alguém nesse ócio, criamos, inconscientemente, um acordo
bilateral na comunicação: ambos falando coisas tolas e sem motivo, com o
intuito único de gastar o tempo que resta na espera. Hoje, já não sei se penso
assim, pelo simples fato de ter DDA e achar que são comuns os devaneios
ou porque esse acordo realmente exista.
Ela, coordenadora de educação infantil e com
vasto conhecimento em pedagogia, relatava fatos do seu cotidiano. Eu, como
sempre, tentando prestar atenção no que não me interessava muito. Ela falava
coisas que pareciam sem sentido algum e, provavelmente, naquele instante, eu
não estava mais ali. Devia estar em alguma de minhas viagens distantes ou em
algum dos meus tantos projetos intermináveis. Não me lembro ao certo o que ela
dizia, simplesmente ia ouvindo letras soltas ou aparentemente sem lógica
alguma.
Entre uma palavra e outra, parecia ter
ouvido: aluno, hiperativo, agitado, DDA, Ritalina... De repente,
sua fala fragmentada encaixava-se perfeitamente em minha cabeça. Via que algo
despertava minha atenção. Logo aumentei a tentativa de concentração e,
conseguindo absorver mais as informações, fui ficando fascinado com seu relato
sobre um aluno com hiperatividade.
No início, o comportamento infantil era
apenas impressionante, mas de forma alguma me identificava. Achava algo
absolutamente normal, coisa de criança, estágios que só ocorriam na infância
etc., e fiz, como a grande maioria das pessoas, quando desconhece algo desse
tipo: prefere acreditar que a criança é mal-educada, que esses distúrbios são
apenas frescuras de meninos mimados ou ainda desculpa dos pais tentando
justificar o comportamento estranho de seus filhos, para não confirmarem sua
falta de amabilidade.
Mesmo assim, aquilo tudo ainda me chamava
muita atenção, como se o próprio cérebro disparasse sonoras ordens de alerta:
PRESTE ATENÇÃO! Então prestei.
Sentia que algo em mim nunca funcionara
corretamente, pelo menos na organização das ideias. Não sabia por que, mas
tinha plena certeza de que os outros não tinham a mesma linha de raciocínio.
Recordo que, um dia, assistindo uma partida de futebol, ao lado da minha mãe,
logo após um time ter feito um gol, o comentarista narrava aos gritos: “UM GOLAÇO”.
Imediatamente, criavam-se dentro de mim formas coloridas de figuras daquela
expressão. Querendo certificar minha sensação de diferença, perguntei-lhe no
que pensava, quando escutava aquela mesma frase “GOLAÇO”. Ela respondeu que
imaginava simplesmente um belo gol.
Hoje sei que algumas pessoas apenas recebem
essa informação como uma escrita no cérebro, outras, como minha mãe, visualizam
cenas. Eu, não. Imaginava uma bola cheia de laços e embrulhos de presente, indo
em direção ao gol.
Minha ex-sogra prosseguia no diálogo e, à
medida que falava um linguajar mais técnico e explicativo, eu ia me envolvendo.
Leigo, e com receio de ser visto como anormal, questionei-a com cautela se
existiria algum tipo de hiperatividade mental ou psíquica. Algo que
justificasse uma bagunça, uma desordem interna.
Ela respondia ao meu questionamento, alegando
não ter certeza, nem tanto conhecimento assim, mas existiria algo relacionado a
distúrbio de atenção e me explicava, ainda que vagamente, os indícios do DDA.
Percebi como um papo despretensioso, mas, com uma maior atenção, poderia mudar
minha vida. Imaginei, então, o quanto de mensagens não fui capaz de ouvir e
compreender até hoje...
Percebendo que o assunto despertava-me tanto
interesse, ela me prometeu um livro sobre o tema. Por pura coincidência,
estávamos em setembro, mês do meu aniversário. E, nesse exato instante que a
conversa estava tão agradável, não tínhamos mais aquele “acordo” de fazer
gastar o tempo, até porque, nesses momentos, ele se encarrega de passar
rapidamente.
No dia 28 de setembro de 2004, ganhei o
presente que mudaria para sempre a minha vida. Recordo que, ao longo dos anos,
recebi os mais diferentes tipos de presentes e fiquei, por diversas vezes,
radiante de alegria, como a espingarda de mergulho naquele natal, o robô que
atirava pelos braços, e uma fita de vídeo do U2. Mas, ainda assim, nada
se compararia ao livro Mentes Inquietas, de Ana Beatriz B. Silva.
Com este título convidativo, o recebi pela
tarde e após as cerimônias rotineiras de agradecimento dos presentes que ganho,
fui correndo para casa com o objetivo de devorar letra por letra.
Ao folhear as primeiras páginas, uma emoção
indescritível: era como se estivesse sendo despido de alma. Era uma redação
sobre a minha vida. Havia trechos em que, de tanta emoção, lágrimas rolavam de
alegria, de alívio em um mistura
de diferentes sentimentos ao mesmo tempo. Jamais saberei explicar ao certo.
Primeiro, o conforto mental que vinha como um
bálsamo. Existia, sim, uma explicação. Que alívio! Todas as coisas que eu
pensava, acreditava, sentia, tinha uma explicação. Aquela confusão, as ideias
do além, os mil projetos mirabolantes, as tantas noites de insônias, os cafés,
o quadro que nunca terminei, as coisas por fazer, os amores infinitos, a
velocidade, a intensidade tamanha, enfim! Tudo ia se encaixando perfeitamente e
simplesmente não conseguia parar de ler. Terminei o livro em apenas um dia.
Era como experimentar um renascimento. Logo
uma euforia tomava conta de mim. Queria gritar, correr e contar para todos o
que é DDA. Talvez assim, compreendendo-me melhor, eles me perdoassem
tantos equívocos, deslizes ou comentários impróprios já passados. Totalmente
atordoado, não recordo ao certo o que mais fiz nesse dia, nem nos outros que se
sucederam, mas passei a ler tudo que surgia sobre DDA.
Na verdade, antes de tudo isso, eu não fui um
leitor compulsivo. Além de não ter tanta paciência assim, me perdia facilmente
no meio de um parágrafo chato. Acreditava sempre ser mais proveitoso escrever
nossas próprias histórias, marcando de grandes feitos as páginas da vida, ao
invés de deduzir algumas coisas por relatos e contos. Sempre dei mérito no
sentir, no fazer e no experimentar.
Em seguida, li Princípios e práticas em TDAH,
de Luis Augusto Rohde, Paulo Mattos. Cadastrei-me em fóruns sobre o tema na
internet, recebia matérias on-line o tempo todo. Passei a respirar DDA,
passando a compreender cada vez mais e melhor o meu mundo à parte.
Ficava frustrado, porém, ao notar o
desinteresse de muitos diante de minhas explicações detalhadas. Entristecia-me
também com a minha família, acreditando ser algo da minha própria imaginação.
Como se fosse algo psicossomático, como se os livros me fizessem incorporar
tudo que lia. E, embora vivesse uma necessidade incontrolável de querer
desabafar com alguém que acreditasse no distúrbio, resolvi, por um tempo, não
mais falar sobre DDA. Essa é boa! Devo ser ainda mais louco do que
imagino para ambicionar ter um distúrbio neurológico.
É interessante registrar que no livro Tendência
à Distração, de Edward M. Hallowell, M.D. e John J. Ratey, M.D., isso é
citado entre o primeiro dos problemas mais comuns no tratamento do DDA:
Certas
pessoas, especialmente importantes na vida – pai, mãe, cônjuge, professor,
patrão, amigo – não aceitam o diagnóstico de DDA. Eles não “acreditam”
em DDA e não querem discutir sobre isso. É como se fosse contra sua
religião ou visão de mundo. Eles fazem a pessoa com DDA se sentir uma
fraude ou um impostor. Esse tipo de resposta descrente pode minar tanto a
esperança que acompanha o diagnóstico, como o tratamento. Ouvem-se com
frequência variantes do tipo: “esse tal de DDA não existe. É apenas uma
desculpa para a preguiça”. Empregue sua energia estudando e dando duro no
trabalho, em vez de ficar perseguindo diagnósticos furados. Lidar com respostas
assim pode ser algo complicado. É melhor que o indivíduo com DDA não
assuma sozinho essa responsabilidade, pois em geral isso provoca um impasse. É
melhor que fique a cargo do profissional que fez o diagnóstico cuidar de
qualquer ceticismo ou descrença que possa surgir entre os envolvidos com o
paciente, sejam pessoas da família como um todo, ou o cônjuge, o professor,
patrão, amigo, etc. O importante é a informação. Apresente à pessoa os fatos.
Atenha-se aos fatos, deles se valendo para enfrentar a superstição, os boatos,
o disse-me-disse, os preconceitos e a desinformação. Procure evitar debates
inflamados. É comum usarem-se as objeções ao diagnóstico para esconder questões
emocionais. Pode haver raiva da pessoa diagnosticada. Pode haver ressentimentos
em relação à pessoa por todos os seus erros e não se desejar que ela escape
facilmente com um diagnóstico. Querem punição e por isso ficam cada vez mais
com raiva ante a noção de DDA, tentando fazê-la cair em descrédito.
Nesses momentos é melhor ficar com a ciência, por isso permaneça com os fatos
que temos a respeito do DDA. Em algum momento os sentimentos de raiva
deverão ser tratados pelo que são: raiva em geral decorre de um comportamento
passado irritante por parte da pessoa com DDA. Esses sentimentos são
perfeitamente compreensíveis e válidos. Não deveriam, no entanto, ser usados
para se invalidar um diagnóstico correto do DDA.
Entristeceu-me o comentário infeliz de um
amigo, afirmando que seria ótimo ter DDA. Mais triste ainda em notar
certo modismo em torno do distúrbio. Algumas pessoas que não tinham, queriam
ter, prendendo-se apenas aos seus aspectos positivos.
O ser humano, muitas vezes, procura descobrir
algo que torne sua vida mais emocionante. A monotonia é muito chata, o
indivíduo precisa de algum significado na vida, um sentido diferente ou mesmo uma
desculpa para seus lapsos. Apesar de amar o jeito DDA de ser, a intensidade,
a impulsividade, o amor absurdo pela vida e pelas pessoas e viver feliz ao meu
modo, nem tudo é uma maravilha. Há coisas que me atormentam nas atitudes e no
meu comportamento. A própria impulsividade que magoa em fração de segundos, a
intensidade que segue muitas vezes sem lógica alguma, agindo por puro instinto,
a impaciência, a instabilidade de montanha russa no humor.
Lia depoimentos de amigos sofrendo com o
distúrbio, principalmente em escolas, no trabalho e nos seus relacionamentos
afetivos. Outros eram infelizes pelos esquecimentos de objetos, de datas, de
números e de palavras. Muitos sofrem ainda na desorganização, chegando ao
acúmulo incontável de pilhas com escritas e anotações, ou aquelas coisas por
fazer, incluindo nesse rol os dias de mau humor sem motivo.
Em momentos de reflexão sobre o distúrbio e
vendo a incerteza das vantagens e desvantagens, DEMINCO me repetia
frases prontas: Viver é fácil MARCUS, difícil mesmo é saber viver. E
saber viver, muitas vezes consiste em saber tirar o maior bem do maior mal.
Precisava ver o DDA de modo positivo e não somatizar os erros. Graças a
ele sou feliz em meio a toda essa agonia.
Lendo, pesquisando e estudando sobre tantos
distúrbios diferentes, eu estava, de forma involuntária, fitando todos à minha
volta com indagações do tipo qual o transtorno que cada um poderia ter. Agora
entendo que muitos “esquisitos” nos olhem assim, ficando sempre um pouco
sequelados (risos). Passei a viver aquilo tudo, a respirar DDA. Já não
dormia direito e estava realmente ficando um chato. Só pensava e falava nisso
em todos cantos, em todo momento. Foi tanta a euforia, que o melhor seria dar
um tempo.
Para me tranquilizar e acalmar a minha mente,
eu tentava continuar lendo paralelamente Zibia Gaspareto, Dalai Lama, ou algo
que me desligasse um pouco. Mas meu amigo invisível não ficava quieto, sempre
me cutucava alegando que eu precisava saber mais, muito mais. Era incrível como
ele ligava meu botão de curiosidade. Assim, eu ia devorando os livros de Howard
Gardner, de Freud, de Edward M. Hallowell, M.D., de John J. Ratey, M.D., Thomas
W. Phelan, de Russel A. Barkley, de Daniel G. Amen, dentre outros.
Descobri por tabela o que é dislexia e como
ela me perseguiu durante a minha vida acadêmica. Tinha apenas a dislexia na
escrita (a disgrafia). Relendo os meus escritos guardados na gaveta, via como
sempre antecipava as letras das palavras que ainda estavam por vir, trocando
letras por números e algumas vezes mudando totalmente a palavra por outra
semelhante. A dislexia pode ser resumida como o distúrbio de aprendizagem mais
comum, provocando uma escolaridade limitada. De acordo com o trabalho de Albert
Galaburda, em Harvard, sabe-se que:
[...] o cérebro dos disléxicos parece ser diferente dos
cérebros normais, contendo nódulos anormais no córtex cerebral. Esses nódulos
podem interferir na forma como o cérebro percebe e processa os fonemas ou
partículas sonoras que formam as palavras. Disléxicos são pensadores visuais e
multidimensionais. São intuitivos e altamente criativos, sempre aprendendo mais
facilmente “na prática”. Por pensar visualmente, às vezes é difícil para os
disléxicos compreenderem letras, símbolos e números sem instanciá-los para a
realidade através de métodos, como associação de palavras e símbolos com
imagens ou então números e contas com dedos, podendo tornar a leitura mais
laboriosa e lenta. O disléxico, na maior parte das vezes, possui QI acima da
média e é muito criativo. O motivo está no fato de o lado direito do cérebro,
relativo a essas duas qualidades, ser maior que o esquerdo, utilizado no
aprendizado. Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma
maior probabilidade de serem bem sucedidas. Acredita-se que a batalha inicial
de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e
desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress.
Particularmente, acho que ainda faltam
relatos de como o teclado de um computador diminui a disgrafia. Até hoje,
quando recorro a papel e lápis, vejo que isso se agravou. Já na digitação
consigo melhorar, contudo trocar o F por V e o T por D é algo incontrolável,
assim como na ordem: EVARDADE em lugar de VERDADE, enfim! Era
apenas um problema em meu cromossomo #6.
Além do DDA sem hiperatividade e a
dislexia, descobri um possível output, que é um problema expressivo de
linguagem, afetando o que falo ou escrevo. Sentia que à medida que adquiria
mais informação sobre DDA, em curto espaço de tempo, todo aquele
conteúdo e dados técnicos específicos complicavam ainda mais meu output.
Confesso que uma coisa ainda foi capaz de me
deixar mais triste: como resumiram um cara como eu, com tantas ideias, sonhos,
projetos e tudo o mais em apenas três míseras letras? Isto, sim, me deixava
triste (risos). Era preciso mesmo fazer piada, porque embora fosse excitante,
às vezes me assustava o fato de ter um transtorno neurológico.
Voltando aos livros, deparei-me com uma
afirmação depreciativa de um tal Dr. Levine, M.D., sobre portadores de
dislexia: “Os disléxicos podem ser extremamente brilhantes, capazes de
excelentes ideias, porém completamente incapazes de passar para o papel o
potencial de suas cabeças”.
Mesmo contra tantas adversidades, existia uma
força dentro de mim que me fazia permanecer obstinado a escrever minha
autobiografia, porque se tudo caminhava na contramão, o Dr. Levine esquecia que
meu cérebro seguia justamente em sentido contrário, logo, não levei em
consideração sua inoportuna afirmativa. Seria preciso juntar as ideias soltas e
abstrair esse tipo de comentário.
Era certo que ainda teria um longo caminho
pela frente e que, por algum motivo do distúrbio, poderia simplesmente largar
tudo pelo meio. Precisava sentir-me um escritor. Sempre gostei de interpretar o
personagem que eu vivo. Nos diferentes estágios da vida, preciso acreditar: sou
o que faço.
É importante ressaltar a necessidade de
sentir-me um escritor, criando em myself tal personagem ou ainda
descrever-me no livro como sendo duas pessoas. São apenas formas diferentes,
planejadas por mim para mostrar um pouco mais do mundo de um DDA. Vale
realçar que não possuo nenhum tipo de transtorno de personalidade, nem os dos
subtipos de boderline, muito menos narcisista ou histriônica. Até
confesso que falo sozinho de vez em quando, não mais do que a normalidade, já
que muitos “normais” fazem isso.
Quando eu era criança ficava sem saber para
onde iriam todas aquelas informações que adquirimos com o tempo. Ficava
imaginando o cérebro como um departamento cheio de armários e de gavetas,
acreditava que alguns dados seriam inúteis armazenar ou simplesmente saber,
como se tais dados fossem ocupar espaços que poderiam ser preenchidos de modo
melhor.
Ainda hoje prefiro não ocupar tais gavetas
com coisas inúteis, já que nossa cabeça não tem um botão para apagar todos os
dados armazenados. Assim, o melhor é não preenchê-las. Tais dados continuarão
guardados em algum lugar, e muitas dessas informações nós não precisaremos,
também nunca iremos procurá-las.
Quantas coisas improdutivas aprendemos?
Quantas fórmulas, dados, números? Queria apenas apagar alguns. Por que passei
tanto tempo aprendendo equações e orações invisíveis? Os alunos fingem que
entenderam e os professores fazem de conta que existe aquilo tudo e,
ingenuamente, ainda pensamos que serão importantes em algum momento. E por que
ninguém jamais me explicou sobre DDA? Isto, sim, precisava saber e nunca
me explicaram.
Voltando aos meus arquivos cerebrais
produtivos e à ideia fixa de escrever, passei a sentir um faro por psicólogos,
psiquiatras e por todos os “esquisitos”. Tinha sempre um atravessando o meu
caminho. Seria pura coincidência ou eles existem mesmo aos montes? A verdade é
que, quanto mais temos dimensão de uma dada realidade, mais percebemos o vasto
universo que se estende por trás dele.
₪₪₪
Em uma das academias onde trabalhei, conheci o Paulo. de cabelos grisalhos, espírito jovem, e com 43 anos, que não acreditaria que os tivesse, se o próprio não me confirmasse. Tatuado em um dos braços, um verdadeiro garotão, frequentava a academia diariamente, fazia natação, karatê e jogava bola aos finais de semana. Tivemos afinidade de cara.
À medida que conversávamos, eu ficava mais à
vontade. Evidente que se tratava de um cara que, apesar de cuidar e de estudar
pessoas que têm comportamentos atípicos, ele sabia exatamente a importância de
cometer anormalidades em algumas ocasiões para sentir-se vivo. Confidenciava-me
fatos de sua juventude que ele mesmo descrevia como fase “neurótica
voluntária”, suas experiências com drogas, mulheres e coisas fora de toda
normalidade que imaginei fazer parte do seu mundo.
Passei a ver Paulo com maior frequência, o
que atrapalhava um pouco até o meu treino. Queria dividir com ele algo mais
técnico, saber seus conselhos e dicas. Logo, passamos a falar sobre o meu
comportamento. Mas ainda me limitava a não mostrar tudo de uma vez, sei lá,
poderia assustá-lo (risos). Ele, de imediato, foi me acalmando, dizendo que se
tratava de um distúrbio simples e que ele também não era tão normal assim.
Contava-me alguns casos de psicóticos e algo mais anormal, no intuito de me
manter tranquilo. Afinal, sempre nos confortamos quando ouvimos: “EXISTEM CASOS
BEM PIORES”.
Além da paciência comigo e ser meu primeiro
amigo “esquisito”, aconselhou-me a praticar yoga para relaxar a mente,
mas a simples ideia de permanecer sentado, imóvel, e meditando, me deixava
totalmente impaciente. Descartei no mesmo instante. Ele ainda disse que se eu
estivesse sentindo um maior desconforto mental, poderia fazer o tratamento
medicamentoso, acompanhado de uma terapia cognitiva.
Evidente que Paulo, além de ser uma pessoa
agradável, era um ótimo profissional. Sempre fazendo questão de afirmar sua
inabilidade com pacientes portadores do Distúrbio de Déficit de Atenção,
falando apenas dentro do seu limite de conhecimento dessa imensa complexidade
da mente humana.
Contudo, concordamos que eu deveria
imediatamente tratar minha insônia, pois isso me prejudicava visivelmente.
Desde as olheiras, até meu mau-humor matinal, com aquele cansaço no final da
tarde. Disse-lhe que tomava alguns remédios fortes quando ficava uma semana
inteira sem dormir. Ele, preocupado e pacientemente, me explicava com detalhes os
efeitos fisiológicos e os malefícios dos antidistônicos, me indicando um
medicamento fitoterápico: o Valeriane.
Na primeira noite de insônia, recorri ao
remédio e senti de imediato os olhos pesados e a certeza de que um sono
profundo estava por vir. Rapidamente fui cochilando. Ao abrir os olhos, a
triste surpresa: o relógio marcava três horas da manhã, e eu estava
simplesmente ligado. Talvez fosse alguma coincidência. Na noite seguinte, após
ingerir o comprimido do medicamento, fiquei totalmente aceso, mal conseguia
fechar os olhos.
Como um bom DDA teimoso, achei que,
tratando-se de fitoterapia, eu poderia tomar dois comprimidos em lugar de
apenas um. Foi pior. Era como se tivesse ingerido um estimulante ou energético.
Por não saber ou por esquecimento, Paulo não mencionou o fato de que para
muitos DDAs a ingestão de alguns tipos de substâncias pode causar o que
chamam de efeito rebote.
Ficava meio sem graça de confidenciar ao
Paulo que havia decidido escrever um livro e, por isso, estava mesmo precisando
da sua ajuda. Escrevia sem uma sequencia lógica e, por vários momentos, fugia e
retornava ao assunto. Era preciso ter algo que me ajudasse a seguir um único
sentido na escrita.
Por diversas vezes tentava iniciar o texto,
sempre sem sucesso. Um simples ruído era como uma bomba, suficiente para travar
tudo.
DEMINCO, sempre inseguro,
achava desnecessário contar. Dizia que Paulo acharia patético. Pensava que
deveríamos apenas seguir meu instinto e sair escrevendo aleatoriamente, mas
MARCUS já conhecia um pouco sobre as vantagens desses medicamentos. Sabia dos
seus benefícios na organização de um cérebro DDA. Lia relatos sobre
escritores portadores do distúrbio do déficit de atenção, os quais utilizavam
determinadas substâncias meia hora antes de começar a escrever e melhoravam
muito na concentração.
DEMINCO fazia exatamente o
contrário. Dizia que a mente não funcionaria com tanta espontaneidade e, sem o
medicamento, as palavras seriam mais sinceras. Ele ainda me assustava, dizendo
que as ideias também não seriam as mesmas, e que havia lido algo sobre
impotência sexual. Mesmo com sua discordância, meu pouco bom senso estava
decidindo por nós dois: precisava agora programar com Paulo o remédio
específico e a dosagem.
No início, ele ficou sem acreditar que realmente
eu escreveria um livro, mas demonstrei tanta vontade e verdade nas palavras que
não apenas acreditou como se ofereceu para ajudar-me com o medicamento.
Pensamos, de comum acordo, experimentar a Ritalina, apenas um comprimido
de Metilfenidato 10 mg antes de
escrever ou em ocasiões de maior necessidade de concentração.
Para minha surpresa, DEMINCO não
apenas acatou a minha decisão, como deu uma brilhante ideia: iríamos escrever
capítulos alternados com a Ritalina e outros sem a droga. Assim, além de
ficar algo diferente para leigos, os estudiosos poderiam analisar a diferença e
o efeito do medicamento. E, como sempre, eu ia me envolvendo com as ideias
desse meu amigo DDA.
Não foi um casamento perfeito o meu primeiro
uso de Cloridrato de Metilfenidato (Ritalina). É estranho
afirmar, mas, após tomá-lo, surgia uma triste sensação de normalidade. O mundo
perdia cor, emoção, e metade do meu entusiasmo desaparecia. Não sei se todos
reagem da mesma forma, mas simplesmente desgostava daquela onda de ser normal.
Embora reparasse que o poder de foco fosse mesmo ativado, as ideias vinham em
menor proporção e num ritmo mais lento.
Meu amigo invisível tinha razão e,
ironicamente, resumia a Ritalina: “Minha diarista Rita” entra
rapidamente no meu quarto e mentalmente coloca quase todos os papéis
desarrumados nas gavetas corretas, mas esconde a poeira embaixo do tapete.
Quatro horas depois, quando se vai, a poeira está voando novamente. Embora
tenha renite alérgica, a poeira é o que mais gosto no meu quarto e sala.
Depois da medicação MARCUS parecia mais
presente. Sob o efeito da Rita seria capaz de alterar ainda algumas
coisas empregadas no local errado e modificar fugas do assunto em algumas
linhas. Até pensei mais uma vez em retirar o termo adotado por DEMINCO
de “esquisito” para os queridos estudiosos de nossa mente. Mesmo assim, achamos
por bem mantermos as coisas na desordem.
Paulo Dois (como o chamaremos) foi meu
segundo amigo “esquisito”. Uma das pessoas mais inteligentes que já conheci. Um
homem de fala rápida, que não se perdia em meio às suas palavras complexas e
não fugia um só instante do seu raciocínio. Com óculos tipo fundo de garrafa,
um metro e setenta de altura, distribuídos num físico magro, Paulo Dois fazia o
perfeito estilo meio monge, meio samurai.
Eu estava frequentando um Curso de Extensão
em Educação Física e ele era o coordenador do mesmo. Como um bom DDA que
já estava há alguns anos sem estudar, ficava nos dias anteriores à aula
sofrendo e imaginando como e o que poderia fazer para driblar o tédio de dois
dias inteiros de curso.
Para minha falta de sorte, não havia janelas
na sala de aula. Mal entrei na sala, fui logo à procura daquela velha cadeira
bem no fundo, pensando comigo mesmo: E ENTÃO, JUNTOS, NOVAMENTE, EU E VOCÊ. Era
realmente um grande desafio. Por mais que a aula estivesse interessante e o
professor parecesse envolvente, a situação não conseguia sobrepor-se àquelas
duras cadeiras de madeira e à toda minha impaciência.
Inquieto, experimentava todas as posições
possíveis naquele curto espaço, entre a minha cadeira e a da frente. Saía da
sala para beber água, ainda que não tivesse sede, ia ao sanitário várias vezes,
mas o tempo simplesmente não passava. Finalmente, era chegada a hora do almoço
e estava pronta a forma mais apropriada de fugir: sair para visitar uma tia que
morava próximo ao meu campo de batalha e simplesmente não voltar.
No dia seguinte, prevendo que tudo fosse
igual, tive o propósito de acordar mais tarde, com o intuito de chegar no meio
do primeiro turno. Lá, chegando atrasado, dei de cara com o Paulo Dois na
escada que nos levava até a sala. Além da agradável coincidência, tive a sorte
de não receber nenhum tipo de sermão e, para minha surpresa, ele adorava um bom
papo. Não acreditei quando, durante nossa rápida conversa, ele disse também
coordenar um Curso de Psicanálise.
Era o perfeito amigo “esquisito” e tudo o
mais que precisava saber sobre DDA, estava ali, diante de mim, tanto em
suas explicações cognitivas e funcionais sobre o distúrbio quanto ao seu
comportamento totalmente DDA. Disse-lhe que ainda estava meio assustado
com a minha recente descoberta e que pretendia escrever algo sobre como aquilo
tudo mexeu com a minha cabeça. Ele não apenas gostou, como se prontificou a
ajudar-me em qualquer coisa que precisasse.
Paulo Dois era um DDA diagnosticado e
afirmava que seus filhos também possuíam esse mesmo transtorno. Disse-me uma
coisa que tive o cuidado de guardar em alguma gaveta útil de minha cabeça: “Uma
pessoa com DDA é um gênio ou um frustrado em potencial”.
Sabia exatamente o que ele queria dizer com
aquela afirmativa e fazia sentido diante de todos os casos que havia estudado
sobre pessoas com DDA. Poderia ter grandes ideias e tornar-me um homem
realizado, como também poderia ter imensos projetos inacabados, o que me
tornaria fracassado.
Muitos livros trazem ilações sobre o DDA,
tomando-o como o “mal dos gênios”. Mas, sobre distúrbio do déficit de atenção e
genialidade, guardo o comentário de um amigo:
Essa
história de que os gênios são todos DDA, é um argumento característico
da famosa Segmentação Sectária de Privação Relativa. É por isto que você vai
achar listas de “gênios homossexuais” na comunidade dos Gays, “Judeus
Incríveis” na comunidade ídiche, etc. É natural que as pessoas se fechem em
comunidades, que enquadrem suas características, procurando o melhor delas no
resto da humanidade. Mas é só isso. Ter DDA, usar óculos ou ser canhoto,
não é atestado de inteligência ou burrice.
O apoio amigo e compreensível de Paulo e as
palavras de reflexão de Paulo Dois, sem dúvida, serviram de incentivo e
aumentavam ainda mais a minha determinação em seguir adiante...
_________________________________
ESTE
é apenas um pequeno trecho da 2ª Edição do Livro Eu
& Meu Amigo DDA — A Primeira Autobiografia de um Portador do Transtorno
do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
_____________________________
AGUARDE!
Lançamento
Oficial
Bienal
Internacional do Livro / Rio de Janeiro
De 30 / Ago a 08/Set / Local: Riocentro
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Informações & Reservas do Livro:
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